Descubra os malefícios de cada lixo eletrônico que você tem em casa e ajude o meio ambiente
Que atire a primeira pedra quem nunca deixou uma gaveta de um cômodo de casa cheia de cabos velhos, carregadores antigos, celulares que já não funcionam mais e uma infinidade de outros equipamentos juntando poeira, só esperando pelo momento de fazer o descarte correto. Pois é, a gente sabe que isso é bem comum e, inclusive, melhor do que jogar o lixo eletrônico na natureza. Porém, existem destinações corretas para cada um desses componentes, que asseguram inclusive que sua saúde não seja posta em risco por ficar armazenando esses equipamentos antigos.
Assim como qualquer outro tipo de dejeto, cada resíduo eletrônico tem seu tempo de decomposição e no conteúdo de hoje vamos falar um pouco sobre esse assunto. Além disso, equipamentos eletrônicos são fabricados com uma série de compostos que podem ser extremamente prejudiciais para a natureza e para o organismo humano se descartados de maneira incorreta. Vamos ver quais são os principais?
Ah, lembrando que a gente tem um material bem completo sobre esse assunto. Clica aqui pra conferir o nosso infográfico Gestão de Resíduos: Confira os Diferentes Tipos de Eletrônicos e Como Fazer seu Descarte.
Componentes tóxicos do lixo eletrônico
Equipamentos eletroeletrônicos como um todo são compostos por uma série de materiais para que possam funcionar da forma que bem conhecemos. Dentre esses materiais estão alguns componentes químicos que, em grandes proporções e/ou manuseados da maneira incorreta, podem causar sérios problemas à saúde. Esses elementos delicados são vistos em todas as linhas de resíduos eletrônicos, mas hoje vamos falar sobre os mais comuns: mercúrio, cobre, cádmio, chumbo, pó fosfórico e gases refrigerantes.
Componentes como esses, quando queimados poluem o ar, representando riscos aos profissionais de coleta, assim como à população em geral. Se entram em contato com o solo, caso descartados em lixões, por exemplo, podem poluir os lençóis freáticos, contaminando nascentes de água e o solo. Basta lembrarmos do ciclo da água para vermos o quão problemático isso pode ser, tendo em vista que na terra em questão animais se alimentarão, produtos de consumo humano serão produzidos, assim como a própria água que no final das contas também irá pro consumo (seja nas casas, para produção de outros insumos, rega de plantações, etc.).
Quando o lixo eletrônico é aterrado ou incinerado, ele apresenta problemas significativos de contaminação. Os materiais perigosos contidos no lixo eletrônico são voláteis, não biodegradáveis e, por meio de vazamentos, reações químicas e vaporização, contaminam o solo, as águas subterrâneas, o ar e podem entrar na cadeia alimentar.
Os metais pesados são tóxicos para plantas, animais e microorganismos, enquanto em seres humanos podem afetar os órgãos, especialmente o cérebro, causando efeitos persistentes no sistema nervoso. Produtos químicos, como alguns retardadores de chama, formam gases de combustão corrosivos ou tóxicos e a presença de clorofluorcarbonetos (CFCs) no ambiente, contribuindo muito para a perda da camada de ozônio protetora do nosso planeta.
O maior desastre radiológico do Brasil
Quer um exemplo claro e relativamente recente do que estamos falando? Bem, o fato não é muito reconhecido pelo país e, principalmente, pelas novas gerações, mas o Brasil já passou pela experiência de um grande desastre de contaminação por um metal tóxico, o Césio-137.
Em 1987 dois amigos catadores encontraram um aparelho de radioterapia em uma clínica abandonada na cidade de Goiânia (GO). Sabendo do valor que algumas peças do equipamento poderiam gerar, por conterem aço e chumbo, retiraram a máquina do local e levaram até um ferro velho. Lá, o dono do espaço realizou o desmonte e encontrou uma cápsula que continha um pequeno pó branco que, visto no escuro, transformava-se em um brilho azul. Sem a informação de que esse elemento poderia ser prejudicial à saúde, o homem mostrou, encantado, sua descoberta para familiares e amigos.
Acontece que o dito pó mágico era na verdade Césio-137, um elemento altamente radioativo e que só estava sob controle pelas demais peças do equipamento radioterápico. Com o desmonte, o pó fino, com alto potencial de propagação e facilmente aderente a locais úmidos, se espalhou. Levaram apenas algumas horas para que as primeiras pessoas que tiveram contato com a substância começassem a sentir os sintomas.
De acordo com dados oficiais, foram registrados 4 óbitos causados diretamente pela contaminação. O primeiro deles, uma menina de apenas 6 anos que ficou conhecida como o símbolo da tragédia, Leda das Neves Ferreira. Contudo, mais de 110 mil pessoas continuaram a ser monitoradas pela exposição ao Césio-137.
Mesmo não sendo tão lembrado, o episódio ficou conhecido como o maior desastre radiológico do Brasil. E tudo isso começou pelo descarte incorreto de um resíduo eletrônico.
Malefícios dos componentes do lixo eletrônico
Agora que já entendemos os riscos gerais da má destinação do lixo eletrônico, vamos ver mais detalhadamente os malefícios que os principais componentes desse tipo de resíduo podem causar para a saúde humana.
Cobre: Comum em materiais como tablets, celulares, televisores e refrigeradores, a intoxicação por esse metal afeta diretamente o fígado.
Chumbo: Encontrado em eletrônicos como a televisão, o computador e o celular, é um dos mais perigosos elementos. Acumula-se em ossos, cabelos, unhas, cérebro, fígado e rins. Em baixas concentrações causa dores de cabeça e anemia.
Mercúrio: Presente em termômetros antigos, barômetros e lâmpadas fluorescentes. Se exposto ao corpo humano, é absorvido pelas vias cutâneas e respiratórias, causando lesões cerebrais e má formação fetal.
Cádmio: Comum em baterias de notebooks, sua intoxicação crônica gera descalcificação, lesões renais e nos pulmões, além de ser altamente cancerígeno.
Ácido fosfórico: Componente de televisores, esse elemento em contato com a pele pode causar sérias queimaduras, assim como lesões oculares graves. Inclusive, esse é um dos componentes que poucas empresas fazem a gestão e a Ambe é uma delas. Com os devidos equipamentos de segurança, conseguimos fazer a aspiração do pó presente nos televisores.
Gases refrigerantes: Outro diferencial da Ambe, temos profissionais capacitados para fazer a coleta desses gases, presentes em refrigeradores e ares condicionados. Esses elementos representam um perigo maior para o meio ambiente por seu alto teor de emissão de gás carbônico.
De modo geral, a estimativa é que esses componentes demoram cerca de 500 anos para se decompor na natureza. Além da demora, é importante reforçar que, quando descartados com o lixo comum, são corroídos pelo chorume produzido pelos outros dejetos, chegando até o solo e contaminando a água (tanto subterrânea, quanto superficial).
Como descartar o lixo eletrônico
Como você pôde perceber, diversos são os cuidados a serem tomados com o descarte de cada lixo eletrônico que você tem em casa. Mas, o ponto crucial é dar a destinação correta para esses resíduos eletrônicos.
Procure manter-se informado sobre empresas sérias e certificadas que fazem esse trabalho em sua região. Geralmente existem inclusive grandes mutirões de coleta, como um convite para que a população tire um dia para juntar todos os dejetos que vem acumulando e leve até o local indicado.
Para entender mais sobre o assunto e começar a fazer a gestão dos seus resíduos eletrônicos, confere o nosso infográfico, Gestão de Resíduos: Confira os Diferentes Tipos de Eletrônicos e Como Fazer seu Descarte.